A mente

Ah....esse maravilhoso mundo do pensamento, pensamente, pensa a mente. A forma fascinante com que palavras e idéias surgem em cascatas vinculadas a temas ou sentimentos nossos, próprios, únicos e individuais. Quando penso na mente me encanto com o entendimento das formas e simbolos que fazem sentido para mim, ou que me remetem a valores e sensações que têm tudo a ver comigo. Cada um de nós é realmente um Deus. A mente é uma prova disto. Fico aqui a imaginar a mente de um Criador de tudo isso que vejo...quanta liberdade temos! Se é verdade que somos o que pensamos, se eu sou o que eu penso, posso então ser qualquer coisa...isso não é maravilhoso? Sou livre para pensar o que quero e na hora que quero! Acho que é por isso que nos apaixonamos por uma pessoa: quando conhecemos o pensamento dela. Eu, particularmente, me apaixono pela mente dos outros - ou então me apiedo delas...

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

"PALMAS TARDIAS JÁ VÊM FRIAS"

“Palmas tardias já vêm frias” – Eu era criança e minha mãe dizia, sem que eu pudesse alcançar o sentido profundo delas. Ela me explicava rapidamente que era o resultado de um não-acontecimento quando você mais queria ou esperava...para que eu imaginasse um palco onde o ator se abaixava para receber as palmas e o público ficasse paralizado, sem aplaudir. A decepção do ator se instala quando as luzes já estão se apagando e o aplauso vem, mas ele já não está mais com aquele “estado de graça” para acatá-las em sua alma, para sentir o sonhado regozijo proveniente do reconhecimento do seu valor na hora H....sim...Tudo tem sua hora “H”, você já ouviu isso? Eu já e várias vezes. Essa imagem do teatro me assustava e arrepiava ...como poderia um público inteiro sem assim, tão pouco solidário, insensível, tão cruel com um artista, com um ser que estava ali para impressionar e tocar no coração deles? Com essas indagações fui crescendo e compreendendo pouco a pouco o mundo e as pessoas como elas são. Hoje já posso entender que a expectativa, gratidão ou reconhecimento de nosso valor é algo que não podemos alimentar jamais com as pessoas. Por mais que façamos o correto, o ético, o justo e o bom, não há que se preparar o coração para receber os louros do reconhecimento, elogio ou validação de quem quer que seja. “Palmas tardias já vêm frias” é o “pós-valoramento”, a “pós-validação” , que chega depois de ter passado o momento em que aquilo faria toda a diferença se tivesse sido feito. É de praxe na humanidade o reconhecimento póstumo dos artistas, dos escritores, dos filósofos, dos inventores. Quanto vale hoje um quadro de Picasso? Um manuscrito de Freud? Mas a reflexão não termina aí... “Palmas tardias já vêm frias” também me ensinou outras coisas. Funciona assim: o ser humano não está atento e com a abertura emocional e perceptiva para extrair do momento-instante o seu máximo potencial, como se ele tivesse medo de se jogar, de demonstrar, ou mesmo não estivesse compreendendo aquela realidade. Ocorre uma desconexão das pessoas, ou elas simplesmente perdem a sincronicidade... em alguém “a ficha não caiu” e o tempo não pára para esperar o insight acontecer. Na vida, existe um momento chave em que o máximo da potencialidade será aproveitado, casando-se assim “a fome com a vontade de comer”. Assim como os frutos de uma árvore “ou não são colhidos ou sabem a verme”, existe um ápice da potencialidade, por exemplo, daquela fruta, o momento exato em que ela está mais doce para ser comida...se este momento não for aproveitado, a fruta não mais será saboreada no seu máximo de deliciosidade. Existe um momento certo de “pular num cavalo selado que passa à minha frente”. Vai apenas depender de minha capacidade de perceber isso e de querer pular. Existe um momento mágico em que as palavras “eu te amo” produzem a famosa transmutação. Existe o momento exato de se alimentar com o prazer máximo me “matar” a fome que se instalou. Existe o momento perfeito de fazer o melhor que existe na oportunidade que se nos apresenta. E se a gente perde esse momento, esse atma, nós perdemos a nossa chance do orgasmo cósmico daquele acontecimento tão divinamente sonhado.

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